segunda-feira, 26 de março de 2018

Inocência Perdida.

Quando um homem não se encontra a si mesmo, não encontra nada -
Johann Goethe
Priscila Marcia Mariano
Escritor
(Você ainda não sabe o que é ser machucado
Leia para descobrir)
"Felipe galgara o portão de ferro e em silêncio ganhara a distância que o separava da janela de seu quarto. Ia rápido, com o coração na mão, olhando para os lados e para trás, como se tivesse receio de ser pego em flagrante; a sua última escapada lhe provocara sérios transtornos. Finalmente, se deteve à parede e olhou para cima, imediatamente uma corda feita de lençóis caiu sobre ele, por sua janela. “Dan está ligado...”, pensou, já que na última vez Daniel havia dormido, deixando-o à mercê dos castigos impostos a ele pelo Padre Leôncio. Rapidamente subiu pela parede com a ajuda da corda e em três tempos,
estava dentro do quarto, olhando com um sorriso divertido, a faceta preocupada do amigo. Daniel era mais novo do que ele dois anos. Era sangue novo no São Marcos, orfanato na periferia de Porto Alegre, mas ele, Felipe, estava ali desde seu nascimento, entregue sabe-se lá por quem, aos cuidados daqueles santos homens."
A Saga de um Pintor – Inocência Perdida
By Priscila Marcia Mariano
Drama
Encontre: https://www.saraiva.com.br/inocencia-perdida-9895700.html
                 https://www.livrariadragoeditorial.com/products/a-saga-de-um-pintor-inocencia-perdida-p-m-mariano/
       

Trecho de Astralízia (continuação)




Riane tinha os dois detetives a conversar nos bancos da frente do carro, enquanto vasculhavam a região em busca daquele que ele tinha que encontrar antes de Luther. Estava impaciente, poderia utilizar-se de seus dons. No entanto, isto só colocaria Luther mais próximo a ele. Haviam resolvido, depois de uma longa conversa no apartamento de Lucas, continuar a busca daquele que Riane deveria encontrar. Não haviam entendido, todavia resolveram ajudá-lo. Já estavam encrencados e suspensos, sem salário por um longo mês. Além de terem sido tirados do caso. Nada mais faltava.
Lucas relanceou um olhar para Riane, mas não disse nada. Percebia que o rapaz mantinha toda a sua atenção ao derredor, como se buscasse alguma coisa. Não perguntou. Não entenderia mesmo. De repente, pensou ter vislumbrado algo se deslocar ao lado. Um homem. Sentiu que havia mais do que um homem se esgueirando até a praça.
— Veja! ⸻ E apontou.
Riane estremeceu ao ver o estranho.
— Estão na pista dele. — confirmou a pergunta muda dos dois humanos.
— Então, vamos segui-lo. ⸻ Estavam pronto a isto, quando viram um clarão emergir da praça, seguido de grunhidos de dor e depois, apenas o silêncio. — É ele!
Riane estava eufórico, procurando um meio de sair daquele carro e correr naquela direção.
— Calma...
Viu-se contido pelas mãos de Lucas.
— Vamos todos.
E desceram afoitos. Riane com preocupação e os dois humanos, curiosos, tentando descobrir o que realmente acontecera.

⁂⁂⁂

Theo tinha seus olhos arregalados em direção ao carro de Lídia e naqueles que haviam surgido do nada, tentando cercá-lo. Não havia mais nada, apenas Lídia desacordada e seu carro, agora, torado feito carvão. Ele fizera aquilo! Tinha certeza disto. Aproximou-se da amiga e a ergueu nos braços, espantando-se, já que nunca tinha sido tão forte.
— Enlouqueci de vez... — começou a resmungar, aturdido.
Sentia-se elétrico, diferente. Sabia que isso se dava pelo que tinha acabado de acontecer. Ele só queria entender, alguém que lhe explicasse. Sentou-se no banco e ficou alisando o rosto de sua amiga. Ela estava viva. Ele não a matara como fizera com os outros. Loucura! Começou a perceber que de suas mãos surgiam filamentos brilhantes e penetravam pela pele de Lídia, provavelmente, curando qualquer problema que ele pudesse lhe ter causado. Sentia-se bem, sem medo de feri-la. Instantes depois, Lídia começou a se mexer e a resmungar, até que abriu os olhos e o fitou com receio, mas não medo. Ela o conhecia há anos, nunca teria medo de Theo.
Foi, neste mesmo momento, que Theo deu pela aproximação dos três homens e para o seu espanto, viu que nenhum deles representava qualquer perigo para a sua pessoa. Ajudou Lídia a se erguer e, com ela amparada entre seus braços, foi encontrá-los.
Antes que pudesse abrir a boca para a derradeira pergunta, o mais novo dos três, sem qualquer pudor, jogou-se em seus braços, fazendo com que Theo tivesse que largar Lídia, e o beijou na boca.
Theo ficou um instante perplexo, para depois corresponder ao beijo, sentindo que algo em seu intimo se avivava como fogo líquido. Ele conhecia aquele jovem esquisito.
— Ah!
Os dois se desgrudaram e Theo olhou para Lídia que se encontrava refeita, de olhos furiosos em seu carro.
— O que foi que aconteceu com o meu carro?! — rugiu furiosa.
— Um acidente... — começou Theo.
Ela se virou para ele e apesar dos olhos brilhantes e furiosos, sorriu-lhe, enquanto se aproximava, o abraçando com carinho.
— Você está bem?
Ele ficou olhando surpreso, com a boca aberta, sem dizer nada.
— Acho que sim... — confirmou minutos depois.
Riane que ficara até aquele instante calado, ao lado de Theo, olhou ao redor, percebendo que se encontrava em um lugar propício para emboscada. Suspirando profundamente, ergueu os olhos para Theo e depois, fazendo um sinal para Lídia, falou:
— Precisamos sair daqui.
Theo também achava isto, principalmente, depois de ter visto os seus pesadelos se tornarem reais.
— Vamos todos para o meu apartamento. — decidiu-se Lídia, para espanto de Theo que via a amiga aceitar tudo aquilo assim, tão simplesmente, sem enlouquecer, como ele estava começando a fazer. Entrar em paranoia não seria muito bom naquelas circunstâncias. — Chame seus amigos, Riane.
— Você?! — exclamou Theodoro com os olhos acusadores para Lídia. — Você sabe quem ele é. — Estava ficando cada vez mais descontrolado, e sabia disto. — Como?! Eu...
— Theozinho...
Theo a olhou com os cenhos franzidos, num misto de raiva e confusão.
— Vamos para o meu apartamento e então, iremos explicar tudo.
Ele engoliu sua raiva e apenas concordou com a cabeça.


sábado, 17 de março de 2018

Astralízia.

Mais um trecho de Astralízia... (continuação)

                     


Ele corria pela rua, tropeçando pelo asfalto, tentando pegar o ônibus, acenando com a mão em desespero, segurando as poucas coisas que levava e que já podia ver espalhadas pelo chão, assim como ele próprio. Nem mesmo com toda a encenação, o desgraçado do motorista não o esperou. Sentia irritação, vontade férrea de matar alguém, mas ficou ali no ponto, apenas esperando, vendo os minutos passarem e seu novo emprego ir pelo ralo. Era inadmissível que ousasse chegar atrasado ao seu primeiro dia. Fora tão difícil achá-lo e consegui-lo, mediante o número de pessoas na fila.
“Eu não deveria ter dormido”. — pensava. Na realidade, ele não deveria ter seguido as ideias festeiras de Getúlio que, ao descobrir que ele estava empregado, resolvera comemorar.
— “É o seu primeiro emprego!” — Insistira ele, com aquele sorriso que não deixava ninguém dizer não.
Assim foram todos para uma boate gay, cheios de alegria e aptos a ter uma noite muito boa. Ele, Getúlio, Marcel e Lídia, a única mulher entre eles e a representante viva de todas as mães.
Sim, ele é gay.
Gay com todas as letras e com delineador, com as unhas pintadas de vermelho, pelo menos as unhas dos pés. Às vezes, até um batom. Adora sua vida. Não tem medo do que é. Ele e seus amigos sempre foram fortes e decididos.
Entretanto, naquela manhã, suas unhas pintadas estavam escondidas e seus olhos lindos, azuis, sem o seu delineador. Seus cabelos ruivos que sempre usava espetados, agora caiam de lado, penteado. Como dissera Lídia, ele estava apresentável para o seu primeiro dia. E o maldito motorista não o esperou.
Assim que colocou os pés na Rua Maria Figueiredo, ainda lhe faltavam cinco minutos para iniciar seu turno. A firma ficava no terceiro andar e a fila do elevador estava enorme, fazendo voltas. Engolindo em seco e, sem pensar duas vezes, pegou as escadas. Na correria quase deu um encontrão com um cara alto, estranho. Ele descia os degraus de dois em dois, passando pelas pessoas sem se importar se tropeçava nelas e sem pedir sequer desculpas. Ele não se deteve a ficar observando o fulano, não tinha tempo.
Antes de entrar, se ajeitou, correu as mãos nas suas roupas, viu se tudo estava certo e respirando profundamente, dizendo que tudo ia dar certo, avançou. Todos o olharam com atenção, deu um sorriso contido e postou-se diante daquele que seria seu chefe a partir daquele momento.
— Senhor Castro!
Sim, este é ele: Theodoro Castro Filho.
— Bem na hora...
— Sim, senhor.
Havia salvado o seu emprego.
Theo, como gostava de ser chamado, desceu pelo elevador e assim que saiu do prédio, suspirou aliviado. Sentia-se realizado. Seu primeiro dia não fora difícil, não como ele acreditava. Todos o trataram bem, até mesmo o velho ranzinza que na primeira vez que o vira, apenas resmungara algumas palavras em sua direção.
Olhou em volta e seguiu em direção a Av. Paulista. Pegaria o metro até certo ponto e então, correria atrás do ônibus. Nada atingiria o seu bom humor.
As ruas estavam cheias de pessoas saindo do trabalho, em retorno para suas casas, assim como ele. O metro estava entupido, mal conseguiu entrar no vagão. Se espremendo, acabou ficando entre uma senhora e um velho de cara sacana, com um sorriso diabólico na face, um olhar que lhe dizia que queria encrenca, e com ele. Não deu atenção, mantendo a cabeça baixa, com o fone nos ouvidos, escutando música.
Saiu do vagão cuspido e seguiu a onda de seres humanos até a catraca que continuava ainda agrupada em direção à saída. Assim que se viu livre daquela multidão, aspirou o ar profundamente e seguiu para a fila do ônibus que já dava voltas na praça. Olhou desolado. Não havia nem mesmo um ônibus parado no ponto. Aquilo duraria horas. Ele sabia que tinha um shopping próximo. Sem discutir, foi naquela direção. Preferia perder suas horas vendo as vitrines, a ficar em uma fila horrível.
Já batia a meia-noite quando Theo chegou à rua onde morava. Ela estava estranhamente escura, com as luzes apagadas. Enchendo-se de coragem, avançou. Sentiu os cabelos arrepiarem, mesmo assim persistiu em seu caminho. Estava louco para tomar um banho, comer algo e dormir. Então começou ouvir passos. Deu uma espiada, não vindo ninguém. Sacudiu-se e, com uma risadinha, avançou com mais pressa. Estava ficando paranoico.
— Devem ser os meus passos que estou ouvindo...
Mas sabia que não eram.
Não era a primeira vez que coisas estranhas aconteciam com ele. Parou finalmente à porta de seu prédio e, antes de entrar, ainda deu uma olhada pela rua. Não havia viva alma, nem mesmo os ratos costumeiros. Estranho. Com o coração batendo aflito, subiu as escadas e só então se lembrou do homem a descer feito um louco na firma. A sensação foi de pânico, como se ele estivesse ali, apenas o esperando. Fixou seus olhos acima, no corredor que ainda tinha que transpor. Estremeceu, podia ver uma sombra em meio à tênue luz que ainda iluminava as escadas. Sabia que corria perigo. Sentiu seus pés tomando vida própria, pronto a correr. Virou-se e não esperou, nem mesmo pensou. Assim que se viu à entrada de seu prédio, voou para a porta e para a rua, não parando de correr.
Já eram duas horas quando Theo se deteve a frente da delegacia. Tinha, durante todo o caminho, lutado contra a ideia de estar ali. Iriam tratá-lo como louco. Pior, como drogado e sua vida seria jogada no lixo, outra vez. Balançando a cabeça retornou no caminho, pegando o celular e procurando o número de Lídia. Ela o receberia como uma mãe, sempre o fizera.
Ajeitando as coisas, já aliviado, começou a caminhar pela rua. Sabia que não haveria ônibus àquela hora, contudo Lídia lhe dissera que o pegaria na praça. Não lhe contara o que havia acontecido e ela não exigira isto dele, apenas estava pronta a ajudá-lo. Sentou-se em um dos bancos desocupado pelos mendigos, pensando se o que acontecera era verdade ou fruto de sua mente doentia. Ficou a lembrar de cada detalhe, aguçando o seu desespero, assim como a sensação de que estava, novamente, cercado. Ergueu a cabeça olhando ao redor.
— Onde estão os mendigos? — começou a se perguntar, apavorado. — Lídia?
A praça estava silenciosa. As luzes que antes estavam acessas, todas apagadas. A escuridão predominava. Theo ergueu-se e examinou cada canto, nada. Sentia seu corpo estranho, arrepiado, mas o medo havia ido embora. Então viu os faróis do carro que, provavelmente, era de Lídia. Estava grato por ter uma amiga tão dedicada.
Lídia deteve o carro chamando-o com um gesto de mão.
Theo correu naquela direção com um sorriso grato, acenando satisfeito.
Então, tudo aconteceu.
                                                                            
                                                                            ⁂⁂⁂

quinta-feira, 15 de março de 2018

Inocência Perdida.

"Felipe é órfão, até descobrir que tinha um irmão, gêmeo. De repente, tem família. Sai do orfanato em que vivia e se vê em São Paulo, capital. Percebe, no entanto, que as coisas não são o que aparentam. Logo descobre que aquele que diz ser seu pai, não é flor que se cheire. Confuso e assustado, em meio aos desejos de um homem perverso e doente, procura tirar o irmão do caminho que está a trilhar. Vive o próprio inferno e busca de todos os meios, uma solução para sair dessa. Somente com o aparecimento de Roberto, um detetive, viu sua sina abrandar e, apesar de todos os tropeços no caminho, finalmente, se vê livre. Ou, pensava ser assim."

Encontre:
https://www.saraiva.com.br/inocencia-perdida-9895700.html

Priscila Marcia Mariano
Assessora-se e entre para o mercado editorial:
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terça-feira, 13 de março de 2018

Uma promoção de arrasar!

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segunda-feira, 12 de março de 2018

sábado, 10 de março de 2018

Astralízia.

Um conto para degustar enquanto tomam café.




Batiam três e vinte da madrugada.  A rua estava tão silenciosa e calma, como se em uma cidade como São Paulo não houvesse vida após a meia noite. O carro estava estacionado em uma viela apenas esperando. O que? Nem mesmo seus ocupantes sabiam. Os dois detetives, em tocaia, viam as horas passarem e entediavam-se com a espera, trocando ideias em um quase sussurro. Em algumas horas, seriam rendidos pelos colegas do dia e esperavam, pacientemente, que a noite continuasse assim, calma.
Riane esgueirou-se pelo beco, escondeu-se entre as latas de lixo, sem que percebesse o carro parado do outro lado da viela. Almejava que o cheiro horrível que o envolvia o camuflasse e o deixasse escapar da perseguição que os cães de Luther lhe faziam. Sentia seu coração quase à boca, sua respiração estava sem controle, seu corpo tremia diante da possibilidade de ser pego. Sabia que sua vida corria risco, mas nem mesmo a dor de uma tortura o faria abrir a boca. Antes, deixar-se-ia matar.
Virou sua atenção em direção à entrada da rua e estremeceu. Os cães fuçavam em perseguição ao seu cheiro e logo estariam perto. Eram cinco. Todos pareciam mais lobos do que simples animais de estimação. Riane sabia o que eles eram e não tinha nenhum modo de escapar. Engoliu em seco e encolheu-se ainda mais entre os latões, esperando passar despercebido pelos seus perseguidores. Se fizesse silêncio, talvez conseguisse.
— Riane!
Ele deu um pulo e, por pouco, não mostrou aos cães onde se encontrava.
— Eu o estou esperando... Meus cães sabem que você está escondido.
Riane quase riu de sua estupidez ao ouvir a voz de Luther em sua cabeça. Não ousou sequer pensar, apenas uma resposta, traria Luther imediatamente a ele e então, estaria irremediavelmente perdido.
— Faça por você Riane... Não me deixe com mais raiva do que estou.
Riane sentia Luther lutando contra o seu controle. Precisava ser forte e combater Luther com igual força. Afinal, ele não era um reles mago. Era tão ou quanto, em poder como o próprio Luther, apenas faltava-lhe as experiências dos séculos.
Encolheu-se mais ao perceber a aproximação de um dos cães e começou a sussurrar palavras desconexas, em uma língua há muito esquecida. Estava pronto para o que houvesse, quando parou estático, surpreso, ao ouvir um som agudo, seguido de um ganido e vários rosnados. Alguma coisa estava acontecendo.
Sentia ímpeto de olhar, persistiu no anonimato. Temia o que estava por ver.
Meia hora depois da acirrada luta, Riane ouviu passos vindo em sua direção e tentou esconder-se ainda mais, porem não tinha como. Em instantes, diante de seus olhos, viu dois pés cobertos por desgastados e horríveis sapatos. Não quis erguer seus olhos ao dono daquilo, porém sabia que não era Luther.
— Você está bem?
Com certeza aquela voz era humana.
— Ferido?
Ele negou com a cabeça.
— O que eram eles, Lucas?
Então, havia dois deles. Talvez mais.
— Agora você pode se levantar...
Riane finalmente ergueu os olhos a quem lhe falava e concordando com a cabeça, ergueu-se. Olhou por detrás do humano e examinou as cercanias. Dos cães, nenhum sinal. Apenas o corpo de um homem nu estendido mais próximo. Havia um buraco de bala em seu peito e outro, em sua testa. Provavelmente, mais morto do que qualquer outro que Riane vira. Se bem que em se tratado dos animais de Luther, nada era impossível.
— Não era um cão que eu abati?
O outro humano ainda articulava, espantado, enquanto chutava de leve a perna do então, defunto.
— Como vou explicar isto no relatório? Eu acho que estou enlouquecendo.
— Não está, não. Eu mesmo vi os cães fuçando tudo, procurando algo ou alguém, e acredito que estavam prontos a atacarem o nosso rapaz aqui. — e enquanto Lucas falava, fixava seus olhos inquietos e suspeitos sobre Riane. — O que ele era?
Não havia como Riane escapar daquela pergunta e dando de ombros, enquanto mantinha seus olhos ao derredor, num misto de alivio e preocupação, respondeu:
— É o que vocês chamam de lobisomem. É um homem-lobo de Luther.
Os dois homens pareciam aturdidos, contudo, calmos.
— Estas coisas não deveriam existir...
Ouviu Lucas sussurrar incrédulo.
— Existem muitas coisas que nunca deveriam existir. Luther é um deles. — respondeu de pronto Riane, adiantando-se até o morto e após se abaixar, tocando-o de leve, fê-lo sumir diante dos dois humanos.
— O quê?!
Riane ergueu-se, limpando a roupa com as mãos.
— Você mesmo disse que não tinha como explicar isto — falou com seriedade. —, estava tentando agradecer a ajuda que me deram.
— Como?
Riane desta vez olhou para Lucas.
— Absorvi a energia de seu corpo.
O homem franziu o cenho sem entender, e Riane não pretendia perder seu tempo, explicando isto aos dois humanos.
— Ei?! Para aonde pensa que vai?
Riane virou-se e olhou aos dois, preocupado.
— Preciso sair daqui. Os homens-lobos irão voltar. Eles nunca desistem. Ficaram surpresos com vocês... Agora já sabem como agir.  
Os dois humanos olharam ao redor.
— Você vai para aonde?
Na verdade, não tinha a menor ideia do que fazer. Precisava pensar, reagrupar suas ideias, e seguir uma nova diretriz.
— Você pode ir conosco.
— Lucas...
Riane viu que o parceiro de Lucas não estava nada satisfeito com aquele convite.
— Estamos de tocaia. — lembrou-o este.
— É verdade. — concordou Lucas.
Na verdade, eles não deveriam ter saído do carro sem um motivo certo. Haviam estragado o trabalho de duas semanas e não tinham como explicar o porquê da ação deles. Estavam fritos, os dois. Teriam muita gente caindo-lhes ao pescoço, começando pelo seu chefe.
— Vocês não devem voltar ao carro.
Os dois homens o olharam desconfiados.
— Agora vocês estão na mira de Luther.
Riane ainda encontrava-se a olhar ao derredor, apenas esperando, como se o simples fato de estar ainda ali fosse uma loucura.
— Vocês deveriam me acompanhar...
Lucas o olhou cismado.
— Acompanhar... Para aonde?!
Riane virou-se e fixou seus olhos azuis, da cor do céu, na face conturbada daquele humano.
— Vamos? Depois eu explico...
— E você pretende ir para aonde? Por acaso conhece São Paulo?
Na verdade, Riane conhecia.
— Então, me siga. 
E, esquecendo o que Riane havia dito, Lucas retornou ao carro, enquanto olhava o prédio em que deveria estar de vigília, pensando na desculpa que poderia arranjar diante daquele fiasco.
Não passou nem mesmo um minuto, depois que o carro deixava a viela, quando surgiu no beco um humano que pelo menos tinha a forma de um. Não se via muito dele devido à roupa que o cobria do pescoço aos pés. Seus cabelos negros corriam em suas costas, chegando próximo ao seu quadril. Seu porte, esguio, lhe dava uma estrutura sólida, magra. Contudo, o que o definia eram seus olhos de uma cor vermelha como fogo, de um brilho sinistro e maquiavélico. Ele ficou assim, quieto nas sombras, vendo o sol nascer atrás dos prédios. Repentinamente, virou-se e ficou escutando o silêncio que aos poucos morria diante do amanhecer. Estalou os dedos e esperou. Logo se viu rodeado por quatro cães, aqueles que haviam fugido dos humanos. Não disse nada, apenas fez singelo gesto com uma das mãos e, enquanto os homens-lobos uivavam de dor e desapareciam, mantinha o sorriso diabólico em seus lábios.
                                                          
⁂⁂⁂


Continua no próximo sábado...

sexta-feira, 9 de março de 2018

Uma história que emociona e faz pensar!

"Um fato que acontece entre muitas famílias, no Brasil e no mundo"😢

Inocência Perdida e Assessoria Literária de Adriana Vargas.

Um trabalho excelente da Assessoria literária de Adriana Vargas.❤️
Priscila Marcia Mariano
Escritor


Inocência Perdida
P. M. Mariano
Romance Jovens Adultos
"Felipe havia acabado de sair do refeitório, tendo à mão um sanduíche e ia abocanhá-lo, quando deitou os olhos sobre Tobias. O gesto que antes ia fazer morreu num instante, para depois se deter, surpreso, diante do menino. Olhando-o, Felipe se via diante de um espelho. A única coisa diferente que havia entre eles, fora a roupa é claro, era o cabelo, curto era bem verdade, mas o do menino era mais claro do que o dele.
— Oi?! — foi a única coisa que Felipe conseguiu dizer, diante do olhar surpreso do novato.
Mas Tobias permaneceu em silêncio, apenas o encarando com os olhos esbugalhados.
— Você quer um pedaço? — e como o menino persistia no silêncio, só que agora de olho em seu sanduíche, prosseguiu, partindo o mesmo em dois. — Pode pegar.
Tobias o aceitou de bom grado.
— Você não é de falar muito...
Tobias lhe fez sinais a fazê-lo entender de seu problema.
— Ah! Você é mudo.
Tobias respondeu um sim com um movimento da cabeça e um ligeiro sorriso, depois apontou ao novo amigo, incrédulo.
— É verdade. — sussurrou Felipe, ensimesmado. — Nós somos iguais."
Priscila Marcia Mariano
Assessora-se e entre para o mercado editorial:
assessoriadrianavargas@gmail.com

quarta-feira, 7 de março de 2018

Partindo.

Minha poesia na voz de Marcos Antônio Terras... Que emoção!
E nossa conexão com os poetas deste grande Brasil, continua. Hoje a leitura é do poema "Partindo", de Priscila Marcia Mariano.…
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terça-feira, 6 de março de 2018

A Luz e a Escuridão, breve, no Amazon em Inglês.

As capas gêmeas, mas não idênticas!!!🤣❤️
Traduçoes adicionou 2 novas fotos.
1 h
em breve na Amazon em inglês
mais informações: Priscila Marcia Mariano

Inocência Perdida.

Livros Nacionais a espera de vocês! 🤗
Assessoria Literária Adriana Vargas
Publisher
Assessoria Literária Adriana Vargas
Nada mais lindo que experimentar, viver, sentir e ler a diversidade. E ela é nacional. Clique nos nomes dos autores e saiba como foi para eles, fazer parte desta campanha:
- Pródromo, Marcio Giudice
- Os Guardiões da Ordem, Carlos Hamilton
- Gaia, Telma Brites Alves
- Démodee, Suzy Hekamiah
- Crônicas Imortais, Vinicius Trebien Tack
- Davizinho , Ellen Zeziana
- Momento Certo, Vanessa Gramkow
- Inocência Perdida, Priscila Marcia Mariano
- A Fronteira, Guilherme Maia de Souza
- Mulheres depois dos 50, Vera Lima Ceroni
Leia Mais, Brasil! Adera-se a esta campanha.
Assessoria Literária Adriana Vargas